sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sobrevivendo à semana de adaptação

Aí eu escolhi a escola. Aí eu dei um monte de cheques pra pagar uniforme, matrícula, taxa de lanche, taxa de material, taxa de lixo, taxa de luz, taxa de água. Impressionante! O que dá, eles te cobram. Enfim... Aí chegou o dia da ADAPTAÇÃO. Adaptação do filho à escola. Mas eu diria também "adaptação da mãe à escola". 

Depois de alguns meses full time com o pequeno, a par de tudo o que acontece na vida dele, você terá que deixá-lo nas mãos de desconhecidos, sem saber o que ele está fazendo, pensando, sentindo. E, preciso te dizer, a sua cabeça irá te atormentar com uma lista de dúvidas e inseguranças (desde as mais coerentes, até as mais esdrúxulas):
- Ele vai ser bem cuidado?
- Será que vão ver se ele está comendo direito?
- E se outra criança morder ele?
- Será que a professora tem paciência com criança? Ou vai tascar-lhe um beliscão quando fizer birra?
- Será que ele vai se sentir abandonado?

Para amenizar o sofrimento (ou não), existe a tal semana de adaptação. Você fica com o seu filho na escola, observa a rotina das crianças, participa do momento no qual os vínculos com o novo ambiente estão sendo construídos. 

Comigo foi assim:
Nos três primeiros dias de aula, fiquei o tempo todo com o Felipe, porém, no papel de coadjuvante. Conheci os funcionários, acompanhei a troca de fralda, vi o cuidado que eles têm com a segurança dos alunos e dei um jeito em boa parte dos meus fantasmas em relação à escola.

No colo, o Felipe observava curioso aquele monte de novidade. A professora tentava, muito discretamente, ganhar sua confiança. Aos poucos, ele se desgrudou dos meus braços para ver o que tinha no tanque de areia. Caminhou um pouco mais longe para pegar um brinquedo qualquer (sempre se certificando de que eu permanecia ali). Brincou na quadra, tomou lanche na classe e parecia estar indo bem. 

No quarto dia, me disseram para ficar na escola, mas fora do seu campo de visão. Se ele reclamasse demais, a professora o levaria até mim, mostrando que eu continuava por perto. Não precisou. Aí, no quinto dia, apareceu um compromisso perto da escola e achei que não haveria problemas em deixá-lo lá. Conversei com a coordenadora e pedi que ela me ligasse se necessário. Saí confiante, crente que o pequeno estava pronto para desbravar os muros da Garatuja.

Não estava! Me ligaram, eu voltei correndo. Cheguei na sala de aula e o Felipinho chorava de soluçar. Me senti um lixo e percebi que tinha pulado etapas no processo de adaptação dele. Resultado: mais três dias dentro da escola, acompanhando sua rotina. 

A partir daí, o Felipe tirou de letra. Acostumou-se ao novo espaço, construiu vínculos com a professora e com os outros funcionários, começou a sorrir ao chegar no portão branco da Garatuja. 

E eu? Bem... Também me adaptei ao início da vida escolar do Felipe. Mas tenho que admitir: a melhor hora do dia é a hora da saída, quando ele pula no meu colo, me dá um abraço apertado, um beijo grudento e fala "sadadi mamãe". 


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Projeto doutorado

O Felipe fez um ano e eu tomei a decisão: hora de colocar na escola. Para interagir com outras crianças, receber novos estímulos, sair um pouco de casa. Aí comecei a peregrinação pelas escolas do bairro. Sim, porque o fator distância tem que ser levado em conta. E nessas andanças vi de tudo: aquela casinha que foi adaptada para receber crianças; lugares sujos; espaços bacanas; preços astronômicos; propostas duvidosas etc.

Eu, particularmente, procurava uma escola considerando os seguintes aspectos (não exatamente nessa ordem de prioridade):

- proximidade de casa: cômodo para os pais e, principalmente, para a criança.

- espaço: a minha ideia era tirar o Felipe de dentro do apartamento, porque ele precisava de espaço. Um espaço legal onde ele pudesse explorar o mundo. E um lugar que, caso chovesse, ele não precisasse ficar infurnado na sala de aula.

- segurança: proteção nas janelas, escadas, tomadas etc.

- higiene: jamais deixaria meu filho em um lugar sujo, feio e pouco acolhedor.

- proposta pedagógica: o que a escola tem a oferecer no que diz respeito ao desenvolvimento dos pequenos.

- professores: babá eu tenho em casa. Queria gente formada em Pedagogia ou Psicologia, que conhecesse a fundo o universo infantil e tivesse total consciência da importância do seu trabalho.

- preço: claro que uma escola séria, com professores experientes e graduados, não será uma escola barata. Mas vi muita coisa por aí que extrapola. Quatro horas de "estudo" a mais de R$ 2000,00. Como assim? Meu bebê vai sair falando alemão, latim e já sabendo o que é logarítimo? Nem barata, nem cara. Queria uma escola com preço honesto!

- número de alunos por sala de aula: as crianças pequenas precisam de muitos cuidados e atenção, então, é importante ver quantos alunos ficam sob responsabilidade de um professor. E, de preferência, de uma auxiliar também.

Fiquei em dúvida entre duas escolas e acabei escolhendo a mais longe de casa (oito minutos de carro), pela qualidade da equipe de professores - todos formados e com mais de dois anos de experiência; e pelo espaço - quadra, parquinho de terra, parquinho de areia coberto, sala de artes, sala de teatro, biblioteca... No final das contas, tenho certeza de que acertamos o lugar. Porque toda vez que o Felipe chega na porta da escola, abre um sorriso de satisfação. E quando perguntam seu nome, ele responde: Fiipinho da Garatuja.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Deus no céu, pediatra na terra

Na manhã da alta da maternidade, a médica passou no quarto. Falou que estava tudo bem com o Felipe e que dali a três dias eu deveria levá-lo ao pediatra para ver se ele estava ganhando peso. Levá-lo ao pediatra. Qual pediatra? Já era pra ter um pediatra antes de ter filho?

Nessas horas a gente recorre às amigas experientes ou ao médico milenar da família, aquele que fez o parto da sua mãe quando você nasceu... Ou pega o livro do convênio e tenta a sorte grande. As sugestões que recebi tinham um problema de logística: longe da minha casa. Esse foi um dos critérios que decidi levar em conta na hora de escolher o pediatra.

Como eu confio quase cegamente no meu ginecologista/obstetra, resolvi pedir a ele uma indicação. Sabia que o Dr. Soubhi iria me sugerir alguém com uma linha de trabalho semelhante à sua. E assim eu cheguei até o Dr. Oscar.

Liguei para marcar a primeira consulta. Estava um pouco aflita, pois a pediatra da Pró-Matre comentou que o Felipe tinha um pouco de icterícia fisiológica e que eu precisava colocá-lo no banho de sol e acompanhar a evolução do caso. Pronto! O suficiente pra eu enxergar amarelo em todas as partes do corpo do meu filho e querer levá-lo ao médico ontem...

O Dr. Oscar só tinha horário na segunda-feira. Mas acho que, diante da minha ansiedade, fez um remanejamento das consultas e conseguiu me encaixar no dia seguinte, sexta-feira. Ponto pra ele. Ganhou um espaço no coração inseguro e aflito de toda mãe de primeira viagem.

Ficamos quase uma hora e meia conversando com o pediatra. Levei um caderninho cheio de perguntas, na tentativa frustrada de resolver as angústias maternas (ah, se um caderninho resolvesse...).  Aliás, tive até vergonha de mostrar aquilo pra ele. Perguntei sobre o banho, sobre amamentação (devo dar os dois peitos na mesma mamada? Ou o bebê deve esvaziar um e depois o outro?), sobre cólica, sobre posição de dormir, sobre os alimentos que eu podia comer, sobre fralda, sobre assadura, sobre soluço, sobre cortar unha, sobre chupeta, sobre Felipe e ar-condicionado (era janeiro, fazia um calor desgraçado), sobre Felipe e cachorro (o Guile, um Golden Retriever - meu presente de dezoito anos), sobre tanta coisa que eu nem me lembro mais.

E o Dr. Oscar achou brilhante minha ideia de anotar tudo no caderninho. E o Dr. Oscar me respondeu cada pergunta com a maior paciência do mundo. E o Dr. Oscar me deu o número do celular dele, dizendo pra eu ligar a qualquer hora, se fosse preciso. E eu saí do consultório do Dr. Oscar menos insegura e feliz por ter acertado o pediatra na primeira tentativa!

Sábado de carnaval. Praia. Calor insuportável. Casa sem ar-condicionado. Felipe com dois meses, chorando bastante, visivelmente incomodado. Boa hora pra testar a disponibilidade do médico. O Dr. Oscar me atendeu de imediato. Disse que, além de calor, o Felipe podia estar com cólica - coisa que ele nunca tivera até então. Ainda precisei ligar outra vez durante o feriado. Caiu na caixa-postal, mas meia hora depois, meu celular tocou e o pediatra me tranquilizou novamente.

Aliás, há uma semana, o Felipe teve uma conjuntivite. Resolvi o problema por telefone e, no dia seguinte, foi o Dr. Oscar quem me ligou para saber se estava tudo certo com o pequeno.

Para mim, pediatra e obstetra que não dão o número de um telefone particular (em caso de emergência, que fique bem claro) não servem. Pediatra, principalmente, tem de ser disponível. No primeiro filho, tudo é desconhecido e mãe necessita de segurança - com bom senso, obviamente. Também não vamos encher o saco do cidadão no almoço de domingo pra saber se o Aptamyl é melhor que o Nan.

Em geral, as pessoas me acham uma mãe tranquila. Confesso que grande parte dessa minha tranquilidade deve-se ao Dr. Oscar, que sempre me atendeu nos momentos em que mais precisei. Porque quando nem simpatia, nem reza e nem Tylenol Bebê resolvem, o jeito é apelar pro celular do pediatra!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A pior mãe do mundo

Pensei sobre esse post várias vezes, mas sempre dei um jeito de fugir dele. Porque escrever é uma forma de relembrar, e as lembranças daquele dia são horríveis. Decidi passar por cima dos meus fantasmas e ser generosa - compartilhar minha experiência para que ninguém precise passar pelo susto que passei e pela culpa que senti. Vamos aos fatos:

Sábado de sol e tempo ameno. Eu, o Felipe e uma amiga fomos na Jorge Alex, uma loja de sapatos aqui em São Paulo. Ela dirigindo e nós dois no banco de trás. O Felipe tinha três meses e estava no bebê-conforto. Como ele pouco se mexia, eu mantinha o péssimo hábito de não prendê-lo com o cinto de segurança (na cidade, em distâncias curtas). Chegamos no estacionamento da Jorge Alex e, na hora que tirei o bebê-conforto do carro, senti meu braço leve. Não entendi o que havia acontecido. De repente, olhei pro lado e o Felipe estava de cara no chão. De cara no chão! Com três meses, veja bem, eu derrubei o meu filho no chão! Ele, que dormia um sono tranquilo, deve ter tomado o maior susto quando caiu do bebê-conforto. 

Aquela cena foi uma das piores coisas que vivi. Desesperada, catei o pequeno do chão - que berrava sem parar. O rosto dele estava um pouco ralado no supercílio direito e no nariz. As pessoas tentavam ajudar, aconselhavam corrermos pro hospital. Eu fiquei que nem uma barata tonta. Não sabia se entrava na loja pra lavar o rosto dele, se entrava no carro de novo, enfim... Diante do meu desespero, o Felipe não se acalmava de jeito nenhum. A pessoa que deveria transmitir-lhe um pouco de segurança e conforto, não tinha a menor condição de fazê-lo. 

Decidimos ir embora, rumo ao São Camilo, hospital do lado de casa. No carro, eu chorava aos prantos, dizendo para a minha amiga que eu era uma merda de mãe, como podia ter derrubado meu filho no chão. Eu me sentia a pior mãe do mundo.

Aos poucos, o Felipe se acalmou. Coloquei ele no peito, santo remédio, e ele mamou bastante, mas ainda dando aqueles soluços de quem chorou demais. Recobrei parte da sanidade mental e tentei descobrir como ele tinha caído, de que altura etc... Falei com o pediatra antes de entrar no hospital. Eu, a mãe super-calma até então, tentava chorar menos ao telefone para que o Dr. Oscar entendesse minhas palavras. Ele perguntou se o Felipe havia ficado roxo, se teve convulsões e outros horrores mais. "Não, pelamordedeus, nada disso! Ele chorou muito por causa do susto e dos machucados, penso eu". Contei também que o Felipe mamou no carro e, em seguida, ficou bem calmo. "Marina, com certeza foi um grande susto. Mas, pela sua descrição, o Felipe parece estar bem. Não acho necessário levá-lo ao hospital. Apenas observe se algo diferente acontece com ele". 

Apesar do "diangnóstico" tranquilizador, a culpa castigava meus pensamentos. Continuava me sentindo a pior mãe do mundo só de pensar no que poderia ter acontecido naquele dia e em tantos outros em que fui imprudente dispensando o cinto de segurança do bebê-conforto. Ao chegar em casa, quis contar pro meu marido, por telefone, o ocorrido. Ele ficou tenso no início e foi se acalmando ao ter certeza que o Felipe estava bem. Sua reação foi a melhor possível. Não me culpou, não me julgou, não me recriminou. Aí, me peguei pensando se ele derrubasse o Felipe, qual seria a minha reação. A pior possível, certamente. A de mãe-histérica-desesperada-puta-da-vida com o pai que não sabe cuidar do filho direito. "Vai, Marina, toma essa na cara!" (e veio a vida de novo me dar lição de moral). 

Contei o episódio pra minha mãe, que se solidarizou. Conversando com ela, descobrimos como o Felipe caiu no chão. O bebê-conforto tem uma alça. Quando tirei ele do carro, essa alça, provavelmente, não estava travada. Ao estender o braço, a alça foi para trás, provocando um movimento de pêndulo no bebê-conforto. Ou seja, ele verticalizou e o Felipe deu com a cara no estacionamento da Jorge Alex. Ao chegarmos a essa conclusão, fiquei um pouco mais tranquila, afinal, a queda não foi tão grande assim. Quando estendi meu braço, o bebê-conforto estava próximo do chão. Mas nem por isso, me senti melhor. Aliás, toda vez que olhava pro Felipe e via os ralados no rostinho dele, me dava vontade de chorar.

Lembrei do conselho do Dr. Oscar, repetido, invariavelmente, a cada consulta: "Jamais, em hipótese alguma, deixe o Felipe sozinho no trocador, nem por um segundo! Se precisar virar as costas para pegar algum objeto, segure ele no colo e, só aí, pegue o objeto. Já tive muitos casos de pacientes que caíram do trocador quando a mãe se virou para pegar alguma coisa. No geral, as crianças se recuperam bem. Em compensação, os pais, dificilmente se esquecem do susto e da culpa".

Foi exatamente isso o que aconteceu, embora num outro contexto. Precisei passar por um susto gigante para  JAMAIS, EM HIPÓTESE ALGUMA, ANDAR COM O FELIPE SOLTO NO BEBÊ-CONFORTO.

Se me recuperei? Olha, a verdade é que, depois daquele dia, eu nunca mais voltei na Jorge Alex.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

15 dias e 15 noites

Sair da maternidade. Coisa difícil. Porque lá, no geral, tudo vai de vento em popa. O bebê nem chora muito, as enfermeiras te ajudam na amamentação, trocam fralda, dão banho, esclarecem as dúvidas, resolvem problemas. Uma amiga sensata e super otimista me disse o seguinte: "Marina, se prepara! Filho é que nem brinquedo paraguaio: na loja, funciona que é uma beleza. Aí, você chega em casa, começa a dar defeitos e não aceitam devolução". "Legal, Renée! Fiquei bem mais tranquila agora!" Tive essa conversa no dia anterior à saída da maternidade. Diante da minha ansiedade e insegurança, a Renée (mãe do Caio, de um ano e meio), tentou me animar: "São quinze dias bem difíceis, mas, depois deles, você tira de letra e parece que já nasceu mãe. Pense sempre que o próximo dia será mais fácil." Valeu a intenção, Renée!

Antes de sair do quarto, senti o que me esperava. O leite resolve "descer" para o peito bem na hora de ir embora (nos primeiros dias, o bebê mama o colostro). Eu usava sutiã 42. Coloquei um 46. A enferemeira me alertou para não deixar o leite empedrar, pois no começo, a produção de leite pode ser muito maior que a demanda do bebê. Ou, seja, até equilibrar oferta e demanda, você tem que ORDENHAR (isso, que nem vaca mesmo); dar um jeito de tirar o excesso de leite dali - seja com bombinhas ou na raça. Resumindo, saí da maternidade com um puta mau-humor, porque meu peito estava inchado e dolorido demais. Fora que a enfermeira me ensinou a tal da ordenha e achei impossível.

Quando entrei no carro com o Felipe no colo, caiu a ficha. "Agora é comigo." No caminho, olhava pela janela com um olhar diferente. Sabia que a vida tinha mudado, mas ainda não sabia que mudanças eram essas. Cheguei em casa e fui recebida com cartaz de boas-vindas, banquete no almoço, tudo arrumadinho. Estranho. Eu não deveria estar feliz por chegar em casa? No lugar da alegria, sobrava angústia, ansiedade, preocupação. Aquela frase "será que eu vou dar conta" martelava meus ouvidos a cada cinco minutos. Nem fome eu tinha.

Fugi das primeiras trocas de fralda. Me aproveitava da desenvoltura do meu marido (que já era pai) e da empolgação da minha mãe para adiar essa difícil missão! Nem cogitei dar banho, afinal, o Felipe saiu da maternidade cheirosinho. "Fica pra amanhã!" De três em três horas, amamentava ele. Ele dormia, acordava, mamava, dormia, acordava, mamava, dormia... Aí, a noite chegou.

Nossa! A primeira noite. Como esquecer? Um calor insuportável e, pra completar, eu com a cinta pós-parto, me esquentando e me incomodando. O marido sugeriu: "Deixa que eu ficou do lado do Felipe, pois você precisa descansar." Hahahahah! Ele não acordou nem com o choro do bebê! Cada barulho diferente que o Felipe fazia era motivo pra eu passar por cima do meu marido, debruçar desesperada em cima do moisés (tipo um bercinho) e ver se ele tava respirando. Óbvio que essa ideia brilhante não resistiu à segunda noite.   E eu, que tinha o sono mais pesado do mundo, passei a abrir os olhos só com o arrastar dos chinelos no corredor. "Oi! Você é mãe? Prazer, meu nome é sono leve e, a partir de agora, vamos conviver por muito tempo."

Segundo dia, o Felipe no mesmo esquema: dormir, acordar, mamar, dormir... Resolvi que era hora de encarar a troca de fraldas sem ajuda. DIFÍCIL. Tinha medo de machucar o pequeno. Ele chorava, se mexia e me deixava ainda mais nervosa. E trocar a roupa toda, então? Sufoco. Me sentia uma inútil. Uma inútil e desajeitada, que não era capaz de trocar o próprio filho! Demorei uns três ou quatro dias para aprender e trocar sem trauma! Segundo dia... E teve o banho!

Na maternidade, eles ensinaram da seguinte maneira: lava a cabeça com o bebê enrolado na toalha. Depois, desenrola, lava o corpo e enrola de novo. Acho que para ele não sentir frio, sei lá. Bom, o que já era  complicado, ficou mais complicado. Minha mãe olhava aquilo e dizia: "Eu nunca vi um banho desses, em etapas." "Ok, mãe! Na maternidade ensinaram assim, eu vou fazer assim!" Que porcaria de banho, coitado! Abandonei o modelo "maternidade" de lavar bebês na segunda semana. E não me arrependi.

A maior dificuldade nesses primeiros dias foi lidar com meu peito. Eu produzia uma quantidade absurda de leite e o Felipe não mamava nem metade. De tempos em tempos, o leite empedrava e doía muito. Aí, tinha que fazer massagem para "desfazer" as pedrinhas e ORDENHAR. Cheguei a sentir enjoo de tanta dor. Essa história durou até eu e o Felipe encontrarmos o ponto de equilíbrio, quando a curva da oferta e da demanda, finalmente, se cruzaram...

Os dias passaram. Surgia o medo de engasgo, tédio por não sair de casa, calor... Mas também, apareciam os primeiros sinais de confiança, de cumplicidade, de maturidade (minha), de tranquilidade. No fim das contas, a Renée tinha razão. O dia seguinte era bem melhor que o anterior. Ao final da primeira semana, a vida estava menos complicada. E, ao final da segunda semana, aquilo tudo parecia muito familiar.

Quinze dias e quinze noites para descobrir que eu sempre soube ser mãe.




domingo, 21 de agosto de 2011

O parto sem glamour

Nove meses mais tarde, hora de conhecer a cara do pequeno. E na marra, porque ele tava bem acomodado dentro da barriga. Então, como quem vai no dentista, marquei a cesárea. Escolhi até o dia: 10/01/2010 (achei bonito!), oito horas da manhã. Vou contar agora, o parto que é o parto e um pouco depois do parto.

Cheguei na Pró-Matre às sete da madrugada, isso quer dizer que acordei às seis. A primeira etapa, na recepção, é bem burocrática. Assinar papéis, esperar o aval do convênio, esperar quarto disponível etc. Eu fui pra cirurgia ainda sem teto. Várias outras mães também acharam a data 10/01/10 promissora e agendaram o nascimento de seus filhos, o que resultou em super-lotação na maternidade.

Antes do centro cirúrgico, passei por uma sala de preparação. Respondi um questionário com mil perguntas sobre minha saúde, coloquei o avental, a touca, mediram pressão e temperatura. Em seguida, me colocaram na maca e me carregaram pelos corredores. Família desejando boa sorte. Aí o nervosismo apareceu. Eu tava morrendo de medo da anestesia...

Sala de parto
Quando entrei na sala de parto só tinha uma enfermeira cuidando dos preparativos. Ela conversou comigo, disse pra eu ficar calma, que não doía nada. Perguntou: "Quem vai nascer hoje?" Respondi que não havia decidido o nome ainda. Tocava Marisa Monte. O centro cirúrgico era bem claro (dã!), cheio de parafernálias médicas e parecia novo. Do meu lado esquerdo, o tal vidro translúcido.

Alguns minutos se passaram e notei um rosto familiar. Descobri que a instrumentadora do médico era a sua secretária, Solange, que tantas vezes me recebeu no consultório. Pequeno alívio. Ela, cheia de expectativa, falou: "Consegui essa sala com o vidro translúcido, não é demais?". Pra ser sincera, achava bem estranha a ideia das pessoas assistirem ao parto do lado de fora. Eu lá, toda aberta, umas dez mãos em cima de mim, e a galera na plateia. Tipo um "reality parto". Mas aí, a Solange explicou que o médico só acionava o dispositivo momentos antes do nascimento do bebê, pra mostrar à família mesmo, e, em seguida, desligava. Ok. Se é assim, vá lá...

O parto começou com 20 minutos de atraso porque o anestesista resolveu dormir um pouquinho mais. Ele me posicionou na maca, sentada, e pediu para que eu ficasse relaxada. Ahã. Super possível. Enquanto isso, meu médico segurou minha mão. Um, dois, três e... Agulhada na coluna. Vou ser sincera de novo: nem doeu tanto assim. Muito menos pior do que eu imaginava. O Dr. Soubhi saiu da sala para chamar meu marido, que ia acompanhar a cesárea.

Nisso, a anestesia começou a  fazer efeito. Aí, leitores, o bicho pegou. Primeiro que fiquei bem tonta, parecia que vinha um desmaio pela frente. E a sensação de não sentir nada da cintura pra baixo é bastante desagradável. Principalmente pra mim, que sou hipocondríaca, e ficava imaginando se o efeito da anestesia não passasse nunca. A equipe perguntava: "Consegue mexer o dedão do pé?", "Consegue levantar a perna?". Não, eu não conseguia mexer nada.

Quando o Dr. Soubhi entrou novamente na sala de parto (com o meu marido a tira-colo) soltou o seguinte comentário: "Nossa! Ela branqueou total!" Bacana, Dr. Soubhi! Minha hipocondria agradece! Grudei os olhos no monitor que media a frequência cardíaca e a pressão arterial, pra ver se eu chegaria viva no final da cirurgia! Colocaram o oxigênio e começaram a me abrir. Meu marido sentado, assistindo tudo e ainda narrando os acontecimentos para mim! A presença dele me tranquilizou e, aos poucos, parei de sentir o mal-estar inicial.

Lembro do anestesista ching-ling em cima de mim, empurrando a barriga pra baixo, pois o Felipe não queria sair de jeito nenhum. 8:47 eu vi o bichinho todo ensanguentado. Pausa dramática. Três segundos depois, ele abriu o berreiro. Grande alívio. (A gente ainda não sabe nada da vida de mãe, mas sabe que o bebê TEM que chorar logo quando nasce). Não vou tentar encontrar palavra para explicar o que senti naquele instante. Seria perda de tempo da minha parte e da de vocês, que estão lendo. Só posso dizer que é tudo muito intenso. Sentimentos de uma intensidade que jamais imaginei que sentiria na vida. Pronto. Paro por aqui.

Ah! O vidro translúcido. Quando acionaram o dispositivo, vi os olhares cheios de expectativa e ansiedade dos meus pais, da minha sogra e da minha enteada. E, quando o médico tirou o Felipe, mostrou para eles e fez um sinal de positivo, vi aqueles olhares se transformarem em lágrimas. Vi expressões apreensivas se transformarem em um monte de sorrisos que transbordavam orgulho e felicidade. Tenho que dar o braço a torcer e concordar que o tal vidro translúcido permitiu que eu compartilhasse o momento mais importante da minha vida com as pessoas mais importantes da minha vida.

O Felipe, que virou Felipe ali mesmo, rosto colado com o meu, foi fazer os exames de praxe e, em seguida, foi levado para o berçário. Meu marido saiu junto com a enfermeira e começou a terceira e mais demorada etapa do parto: costurar as sete camadas. Os médicos conversavam sobre eleições da reitoria da USP, opinavam sobre fulano, beltrano e afirmavam que, se conversavam tanto, era porque tudo corria bem.

Ali eu já estava tranquila. Ainda aproveitei a anestesia para tirar uma pinta da barriga. No final da cirurgia, o Dr. Soubhi deitou no chão e começou a se alongar. Figura. Um pouco antes de sair da sala de parto, comecei a sentir uma coceira bizarra. Meus braços coçavam muito! Perguntei o motivo daquela coceira toda e a médica auxiliar falou que era por causa da morfina presente na anestesia. Até podia dar um remédio pra diminuir a coceira, mas tinha risco de reduzir o efeito da anestesia e aumentar a dor. Escolhi a coceira.

Sala de recuperação
Fui para a sala de recuperação, esperar sentir minhas pernas de volta e esperar vagar um quarto também. Parte chata essa! A sala, na verdade, é uma grande enfermaria, dividida em cabines. E você fica ali, deitada, olhando pro teto, pensando na vida. Na sua e na que você acabou de parir. Tem gente que dorme. Admiro e invejo! Tem gente que reclama da coceira. Tem gente que pergunta se vai demorar pra sair daquele marasmo.

Conforme o efeito da anestesia passava (minhas pernas voltaram, uhuuu!!!), comecei a sentir uma dor beeem forte no corte da cesárea. A enfermeira me aplicou uma injeção e disse que só me liberaria pro quarto quando a dor diminuísse. 10, 20 minutos e a dor persistiu. Analgésico via oral. 10, 20 minutos e a dor persistiu. Marina desistiu. Entendeu que a dor não iria embora e mentiu. "Diminuiu a dor. Pode me liberar".

Quarto 
Cheguei no quarto quase duas da tarde. Familiares, amigos, filhos de amigos... todo mundo esperando pra dar os parabéns e saber como eu estava. Sentia tanta dor que, ao ver aquela pequena "multidão" à minha espera, cogitei pedir que me levassem de volta à sala de recuperação. O Felipe foi pro quarto logo depois, dormia um sono gostoso. Eu, sem forças, tentava contar da anestesia, da cirurgia, enfim... Cada risada, uma pontada!

No meio disso tudo, teve o momento amamentação. Um capítulo à parte, conforme contei em outro post. Recebi muitas visitas, o Felipe ganhou um monte de coisinhas novas e, ao final do dia, só me sobrou o cansaço. E a dor no corte. Lá pelas 11 da noite, duas enfermeiras foram me ajudar a tomar banho. Levantar da cama: missão impossível. Não conseguia estender o tronco, parecia uma velhinha corcunda.

E aí, no dia seguinte, um pouco menos de dor, um pouco menos de ansiedade e muito mais intimidade com o Felipe. De repente, você vira expert em "mamadas", segura o bebê com total desenvoltura e quer contar tudo isso para as visitas. Esse processo dura até o último dia de internação, quando você quase não sente mais dor, já está familiarizada com a cria e tudo vai às mil maravilhas. A tranquilidade a um botão vermelho de distância. É só chamar que a enfermeira resolve. Conselho de amiga: aproveite cada instante de paz na maternidade. Porque chegar em casa é um outro parto.




quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A relação entre umidade do ar e falta de texto

Com esse ar bizarro de São Paulo, não demorou e o pequeno ficou doente. Nada grave, mas o suficiente para deixá-lo em casa por alguns dias. Felipe em casa, mãe do Felipe impossibilitada de sentar na frente do computador por mais de cinco minutos consecutivos. Ou seja, nada de textos aqui no blog.

Felipe já está bem, voltou pra escola hoje. E eu comecei a escrever sobre o parto e o tal vidro translúcido que comentei no post anterior. Até sexta-feira publico. Sem falta!

Ah! Comprei um umidificador de ar. O pediatra (e outras tantas mães e pais) sugeriu. Ficou ligado na sala. Percebi uma grande diferença. O Felipe agradeceu. E meus olhos também! O ar desértico paulistano está ressecando meus olhos mais ainda por causa das lentes-de-contato.

É isso!
Beijos,

Marina Galeano

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Vai nascer! Onde?

Aos sete meses de gravidez, achei que era hora de conhecer algumas maternidades. Na verdade, as opções eram poucas: Pró-Matre, São Luiz, Santa Joana, São Camilo e Santa Catarina. Tinha boas referências desses lugares e, claro, estavam dentro do meu plano de saúde. De cara, sem conhecer, eliminei duas: Santa Joana e Santa Catarina. Por quê? Sei lá, acho que é porque sempre ouvi "tive no São Luiz" ou "tive na Pró-Matre".

Sobraram, portanto, duas alternativas. Marquei hora e fui até a Pró-Matre, na região da Avenida Paulista. Achei o lugar lindo! Cara de hotel. Tudo muito claro, luz agradável, novas instalações. Quarto espaçoso, iluminado, monitor que mostra o bebê no berçário. Fizeram questão de mostrar a sala de parto e falar de um tal "vidro translúcido" - antes de perguntar pra que raios servia aquilo, a "guia da excursão" disse que quando o médico acende uma luz, as pessoas que estão do lado de fora da sala conseguem ver tudo. Achei de gosto meio duvidoso, mas, no post sobre o parto conto se usei ou não o tal "vidro translúcido".

Enfim, saí de lá com uma boa impressão e decidida, mesmo sem conhecer o São Luiz. O critério usado para a escolha foi muito simples: localização. A Paulista fica bem mais perto da minha casa do que o Itaim. Pensei em facilitar as coisas pro meu marido e para a família, que fariam aquele caminho muitas vezes, durante os quatro dias de estadia.

Comuniquei o obstetra e perguntei sua opinião. Ele, apesar de chefiar uma equipe no São Luiz, me deixou totalmente à vontade e disse que seria bem atendida em ambos os lugares. A única ressalva:
- Marina, se você tivesse uma gravidez complicada, ou pressão alta, ou qualquer outra coisa que pudesse te colocar em risco no parto, indicaria o São Luiz. Lá, existe a estrutura de um hospital e você poderia ficar internada, se precisasse. Já na Pró-Matre, eles têm a UTI e todo o aparato necessário para o atendimento de emergência, mas, num segundo momento, você seria transferida, porque lá é só maternidade. Como, no seu caso, está tudo tranquilo, não vejo problema algum.

Então, resolvido. Pró-Matre, aí vamos nós. E olha, não me arrependi nada! Quando cheguei na sala de parto, tava tocando Marisa Monte. A auxiliar de enfermagem era uma simpatia e me acalmou bastante. O resto do parto, conto depois.

Minha crítica fica para demora em me arrumarem um quarto (e, óbvio, para a "cama" do acompanhante). A recepcionista falou que por causa do movimento (é, todos os bebês de São Paulo decidiram vir ao mundo dia 10 de janeiro de 2010), teríamos que esperar liberar uma vaga. Fora isso: comida excelente, atendimento de primeira. Todas as enfermeiras que passaram pelo meu quarto eram muito atenciosas, prestativas e pacientes. (DICA: explore-as bastante! Pergunte tudo. Peça pra te ensinarem a trocar fralda, a limpar as orelhas do bebê, a dar o banho, cortar unhas, a cuidar do peito...). Também eram muito cuidadosas com o pequeno e, de certa forma, afetivas.

Quando deixei a Pró-Matre, três dias após o parto, minha única vontade era... voltar pra Pró-Matre. Lembro perfeitamente da angústia que senti quando cheguei em casa e vi que, naquele momento, era o Felipe e eu (modo de dizer, tá? Tinha marido, mãe, pai, sogra, enteada pra dar aquela força). Sem botão de emergência, sem enfermeira pra socorrer, sem médico pra esclarecer as dúvidas. Sem a segurança que aquela parafernália toda te traz. E lá vem a vida de novo, jogando na cara: "É, isso, minha filha, agora é com você. Se vira!".

Foram 15 dias difíceis. Mas o que me consolava era saber que, o próximo dia, com certeza, seria menos difícil... E assim, aos poucos, descobri que sim, eu daria conta. Sim, eu seria capaz de trocar uma fralda com habilidade. Sim, eu seria capaz de tirar um "body" e, melhor ainda, colocar outro! Sim, eu seria capaz de aguentar (MUITAS) noites de sono picotado e sobreviver no dia seguinte. Sim, eu seria capaz de aguentar o peito dolorido durante a amamentação. Sim, eu seria capaz de ser mãe.

OBS: Assim como falei no post do Hospital Infantil Sabará, reitero que a impressão que tive na Pró-Matre, tem muito a ver com minha experiência. Conheci outras mães que amaram, outras que nem acharam tudo isso... No geral, as opiniões são bem positivas. E você podia colaborar com o blog e dizer aonde teve (ou está pensando em ter) seu filhote e se foi bacana... Vai, arruma um tempinho aí, enquanto espera a próxima mamada!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Leitura sugerida

Hoje, saiu um texto bem bacana no site Malvadezas, que eu adoro.
"Conselhos de uma não-mãe", escrito pela Carolina Mendes, uma blogueira bastante conhecida no mundo virtual, dá muito pano pra manga! Vale a pena ler. E pensar sobre!

Volto ainda essa semana com texto novo.
Beijos,

Marina Galeano

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Eu não chorei no parto

A minha gravidez foi uma coisa meio abstrata. Explico: ter um filho naquele momento não era meu sonho de consumo. Não era um evento super-esperado. Aconteceu. E tudo bem, porque, afinal de contas, a vida estava nos seus conformes. Então, mantive uma relação meio distante (se é que isso é possível) com a minha barriga.

Não tive nenhum sintoma incômodo de grávida (tipo enjoo, dor na coluna, etc). Levei uma vida bem normalzinha. Se não fosse pela barriga que teimava em crescer (e a bunda também) e pelos chutes revoltados do bebê, eu nem diria que esperava um filhote. Meio largada, assim mesmo.

Não fui daquelas grávidas que trava altos diálogos com o pequeno ser, ou que alisa a barriga o dia inteiro. Não planejei o quarto nos mínimos detalhes e muito menos as lembrancinhas da maternidade. Aliás, só me dei conta das tais lembrancinhas dois dias antes do parto. Não fiz milhares de planos pro meu filho. E não li trocentos livros de auto-ajuda destinado aos futuros (e curiosos) pais. (Tá, li um sobre gravidez, para entender o que acontecia em cada fase da gestação). Não me imaginava amamentando, ninando, dando banho, trocando fralda. Tudo parecia distante da minha realidade. Tão distante que o Felipe nem nome tinha, coitado. Só fui decidir FELIPE depois do parto, quando colocaram ele grudadinho no meu rosto. (Não, ele não tinha cara de Felipe, nem de Bruno ou o Caio, que eram as outras possibilidades. Havia, na verdade, uma propensão pelo Felipe mesmo).

E aí chegou o dia. Com hora marcada, inclusive, porque o bichinho não demonstrava nenhum interesse em dar as caras nesse mundo estranho e cheio de perigos. Quarenta semanas e zero centímetro de dilatação. Assim, dia 9 de Janeiro fiz minha mala (pijamas e mais pijamas, sutiãs gigantes, cinta, artigos de higiene, absorventes tamanho “jumbo”, máquina fotográfica etc) a do bebê, e fui dormir. Mentira. Não dormi nada. Fui comemorar o aniversário de uma super amiga minha, na casa dela. Ninguém acreditava que, no dia seguinte, eu iria “dar a luz” (licença poética). Nem eu! Lá pelas 23 hs, meu marido liga: “Escuta, você, por acaso, vai direto pra maternidade?”. Ok! Hora de (tentar) descansar um pouco. A última noite livre da preocupação eterna que habita a cabeça das mães.

Às 7 da manhã, chegamos na Pró-Matre. Às 8, na sala de parto (não me alongarei nesse assunto, porque é tema de um futuro post). E às 8:47, o Felipe nasceu. E chorou. E foi apresentado aos seus pais. Jamais conseguiria descrever com palavras essa sensação. Só sei que, apesar de tudo, eu não chorei no parto. Me peguei pensando se eu sou um monstrinho insensível por causa disso…

Enfim… sala de recuperação da anestesia, uma dor sem noção no corte da cesárea, quarto, rever o filho e começar a construir a intimidade com ele. Aí, vem o capítulo “amamentação”. Você totalmente desajeitada (e com dor), o bebê ainda com pouca habilidade e a enfermeira em cima dos dois, tentando “fazer acontecer”. No meio desse caos, visitas. A pseudo-tranquilidade só retornou às 9 da noite, quando restamos eu, o Felipe e meu marido no quarto.

Aos poucos, eu e o pequeno fomos nos entendendo. Ele reclamava de fome, eu botava ele no peito e tudo bem. Até que, numa das mamadas, percebi que o Felipe engasgou e ficou vermelho, vermelho. O primeiro grande susto da vida de mãe. O pai pegou no colo, começou a dar uns tapinhas nas costas… E eu “chama a enfermeira, chama a enfermeira”. Só que ele não tinha como chamar a enfermeira com o Felipe no colo, e eu não conseguia levantar da poltrona por causa da maldita dor no corte. Pausa dramática. Consegui apertar o botão e a enfermeira chegou rápido no quarto. O Felipe já tinha voltado a respirar normalmente, mas ela disse que ele ficou meio “molinho”, então, era bom examinar, por precaução.

Na hora que ela saiu levando o Felipe no colo, senti uma angústia sem fim. Um desespero, em pensar que poderia acontecer alguma coisa com o meu filho. A gente se conhecia há menos de 24 horas, e, de repente, minha existência só tinha sentido a partir da existência dele. Naquele momento, eu entendi que pouco importava se eu havia ou não chorado no parto. Naquele momento, eu entendi que ele era mais importante que tudo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

E agora, corremos pra onde?

No post "A festa que eu não fui", disse que iria publicar um texto sobre nossa experiência no Hospital Infantil Sabará. Aqui vai.

Quando nasce o primeiro filho, não conhecemos nada de nada. A gente tem que bater cabeça pra descobrir a melhor fralda, a pomada que resolve a assadura, o pediatra que te passa confiança... E tantas outras coisas que eu poderia falar só disso - das descobertas que o pacote maternidade nos impõe. Indicações são sempre bem-vindas, porém, o que vale para um, nem sempre vale pro outro...

Levamos o Felipe ao hospital em duas ocasiões: com um ano e três meses, por causa de uma febre que não passava, acompanhada de tosse e nariz escorrendo; e há duas semanas, por causa de uma virose (sim, virose existe). Na primeira delas, corremos ao pronto-socorro do Hospital São Camilo, na Av. Pompéia, seguindo um critério bem simples: proximidade. O atendimento foi rápido e as orientações médicas resolveram o problema. Não conheci as instalações, mas vou falar que achei o médico mal-humorado e meio seco. O Felipe concordou comigo. 

Da segunda vez,  supondo que se tratava de uma coisa mais grave, decidimos ir ao Sabará, por recomendações de amigos e pais "experientes". As instalações do hospital são um capítulo à parte. O prédio é novíssimo (inaugurado em setembro de 2010) e são 17 andares só para atender os pequenos. Aliás, nem parece hospital... A decoração é bem lúdica e capaz de entreter a criançada durante alguns minutos. Móbiles, Quebra-Cabeças e puffs ficam espalhados nos locais de espera. Os quartos (pelo menos o que nós ficamos) são espaçosos e "clean", com uma TV de plasma, ar condicionado, frigobar e acesso à internet (wi-fi).  DICA: caso precise (espero que nunca precise) ficar um tempo por lá, vale a pena levar vários DVD´s - o da Galinha Pintadinha salvou nossa pele...

Quanto ao atendimento: por ter chegado vomitando, classificaram o Felipe como "prioridade" e em dez minutos já estávamos com a médica no consultório. A Doutora não era o máximo, também faltava afetividade. Mas me convenci de que isso é bem comum entre alguns médicos... Enfim, ela nos orientou e o pequeno teve que tomar injeção de Dramim. Os enfermeiros, em contrapartida, são super cuidadosos e bem mais afetivos. 

Depois de vomitar sei lá quantas vezes, decidiram colocar o Felipe no soro. ATENÇÃO MÃES: se puderem  não ver essa parte e delegar a tarefa pro pai ou para outro acompanhante, eu recomendo... Ele gritou e chorou horrores, e eu chorei junto, lógico. Muito triste ver seu filho numa cama de hospital, assustado, com a mãozinha toda enfaixada e os acessos na veia. Mais triste seria se não tivéssemos condições de proporcionar um bom atendimento para ele... 

No começo da noite, a notícia da internação. Os vômitos pararam, só que começou a diarreia. Por precaução, a médica pediu para dormirmos no hospital. Que merda é receber essa notícia. Quando desci até o guichê da internação, o poço da burocracia, tive duas surpresas (boas): o processo foi bem rápido (a atendente me explicou que isso varia muito de convênio para convênio. Alguns liberam de imediato, outros criam milhões de dificuldades para aceitar a internação do paciente), e o mais legal - podem ficar dois acompanhantes no quarto. As 24 horas seriam ainda mais difíceis se meu marido não estivesse com a gente. Parceria mesmo... Pra dividir o desgaste físico e, principalmente, o desgaste emocional. 

Como era de se esperar, a cama dos acompanhantes parece qualquer coisa, menos uma cama. Pelo menos, cabiam duas pessoas espremidas. A verdade é que podia até ser uma cama king size, mas a gente nunca dormiria direito. A preocupação, o entra-e sai-dos enfermeiros, a luz eterna do corredor, o barulho dos equipamentos jamais deixariam você ter uma boa noite de sono.

Para a nossa alegria, as outras médicas do plantão foram muito atenciosas e afetivas. As enfermeiras, excelentes. A comida, ruim. Detalhe: a equipe de nutrição do hospital passa no quarto e monta uma dieta toda especial, com base nas coisas que seu filho gosta. Isso facilita bastante... 

Saímos do Sabará às 20 hs do domingo, satisfeitos com o atendimento. Na folhinha de avaliação do hospital, eu disse que sim, voltaria se precisasse. 

Mesmo tendo dito tudo isso, repito: o que vale pra um, nem sempre vale para o outro. Os critérios que levam alguém a gostar ou não de um lugar são inúmeros e muito particulares. Uma amiga minha, por exemplo, não teve uma experiência legal no Sabará e prefere o São Camilo. Outro amigo levou o filho pro Santa Catarina e gostou muito do atendimento. De qualquer forma, fica registrada nossas impressões do Sabará. Na hora do desespero, é sempre bom ter uma referência...






segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quero e não posso! Como deixar seu comentário.

Algumas amigas minhas reclamaram que não conseguem fazer comentários aqui no blog. Fucei nas configurações da conta, mas acho que não adiantou... Já pensei em mudar para o wordpress, que parece ser menos chato, mais funcional. Quando montei esse blog, queria que as pessoas trocassem ideias, experiências etc... Enfim, um espaço COLABORATIVO, a palavra da moda. Para isso, os comentários são essenciais! Portanto, faço aqui uma última tentativa. Se não der certo, mudo de endereço!

A Bruna Araújo, do www.fuialiejavolto.blogspot.com (muito bacana, por sinal), estava enfrentando a mesma dificuldade que eu... E fez um post sobre o assunto, com instruções de "como comentar". Pedi autorização dela, logicamente, para reproduzir aqui a sua postagem. Espero que consigam comentar a partir de agora:

"Hoje vou falar sobre como comentar aqui no blog. Notei que o "Fui ali, já volto" está com um número alto de visualização tendo em vista a sua recente inauguração, porém, os comentários ainda são poucos. Recebi algumas reclamações de amigos sobre a dificuldade de postar comentário, por isso vou explicar. Fiz um teste hoje, quem não se encaixa em nenhum servidor solicitado, como o google, open ID... pode comentar usando a opção nome/URL, o url é opcional (se você não possui não precisa colocar) coloque apenas o seu nome e escreva o comentário. Se mesmo depois de ter lido essa nota você não conseguir postar comentário, mande um e-mail dizendo qual foi a dificuldade que eu vou tentar resolver. Os comentários são essenciais para o crescimento do blog e para o meu coraçãozinho que adora receber opiniões, reclamações, declarações e elogios. Então, "bota" a boca no trombone ai gente!!!"

PS: Valeu, Bruna!
REPETINDO O ENDEREÇO DO FUi ALI, JÁ VOLTO:http://www.fuialiejavolto.blogspot.com/

terça-feira, 19 de julho de 2011

A festa que eu não fui

Fui atrás de alguma coisa xadrez para ir na festa julina de uma super amiga minha. A expectativa era grande, as meninas estavam preparando a festa nos mínimos detalhes. Decoração, comidas típicas, banda de forró, cadeia, correio elegante. Fora isso, várias pessoas que estudaram comigo no colégio estariam lá. Enfim, uma daquelas festas que você fica contando os dias pra chegar, pensa na roupa e até confirma presença pelo Facebook!

Armei o maior esquema por causa do Felipe. A moça que trabalha aqui em casa iria dormir com ele. Pra garantir, ainda convoquei minha sogra. Não tinha como dar errado. Sábado de manhã, tudo nos conformes. Cabeleireiro, manicure, almoço no restaurante com a família. Aí, bem no restaurante, começaram nossos problemas.

O Felipe, do nada, me deu um banho de vômito (engraçado como a gente não tem nojo de nada que vem do próprio filho). Sujou minha roupa, o sofá, o pai. Como ele tinha acabado de almoçar e veio sacudindo no carro, achamos que essa fora a causa do enjoo. Me limpei e almocei sem grandes preocupações. Na volta, ele vomitou de novo. Em casa, mais uma vez. E outra, e outra. Hora de ir ao Pronto-Socorro.

Fomos ao Sabará (o tema do próximo post), um hospital infantil na Av. Angélica. Atenderam o Felipe com prioridade, porque ele chegou vomitando na recepção. A médica examinou, disse que podia ser uma indisposição alimentar, receitou uma injeção de Dramin e afirmou que se ele tomasse alguma coisa e não vomitasse, voltaríamos pra casa.

Aí, lembrei da festa. Caraca, filho! Justo hoje você vai passar mal?! No dia da festa, pra eu ficar bem preocupada? Bom, uma indisposição alimentar também não era tão grave assim... Acontece que, mesmo com o Dramin, os vômitos continuaram. Nada parava no estômago do pequeno. Resultado: soro na veia.
Afe! Coisa mais triste ver seu filho berrando enquanto a enfermeira pulsiona a veia, coloca o acesso e enfaixa aquela mãozinha tão pequena e frágil. Chorei junto com ele.

Dois saquinhos de soro, outra tentativa de água e mais vômito. A médica então nos avisou que não voltaríamos pra casa naquele dia. "O Felipe vai ter que passar a noite aqui, tomando soro e se reidratando". O meu filho, de um ano e meio, iria ficar internado no hospital. Frase horrível de se escutar. Mas... Era necessário.

Enquanto isso, meu telefone não parava de tocar. Minhas amigas querendo combinar da festa. Festa, festa... O promissor sábado à noite virou uma noite péssima, num sofá-cama péssimo de hospital (pergunta: custa fazer alguma coisa um pouco mais confortável para os acompanhantes?), com uma comida péssima da lanchonete. O consolo: meu filho já estava bem melhor.

Durante a noite, fiquei pensando na camisa xadrez com a jaqueta de couro que havia separado, nas pessoas chegando na festa, no que a Kika, a Bel, a Rê e outras amigas estariam fazendo, quem teria ido... A vida me jogava na cara: "É, minha filha, agora você virou mãe!"

Foram quase 30 horas de hospital. No fim das contas, a minha festa foi adiada para o domingo às 20hs, quando chegamos em casa. Logo que abri a porta, o Felipe saiu correndo pela sala, dando gritos de alegria e cheio de disposição.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Só em caso de emergência



O meu ginecologista era uma simpatia. Médico jovem, do convênio, dava conta das consultas de rotina (que costumam durar, no máximo, 20 minutos, porque a fila na sala de espera tá gigante), papa-nicolau, uma cistite aqui outra ali... Já nem ficava constrangida diante dele, mesmo naquela ingrata posição que nós, mulheres, temos que nos submeter de tempos em tempos. 


Abre parêntese. Os homens reclamam, reclamam do tal exame do toque, que devem fazer por volta dos 40 anos... E a gente, desde a adolescência, escancara nossa intimidade na cadeira do ginecologista!
Fecha parêntese. 

Continuando... Contei pro Doutor sobre o resultado positivo do teste de farmácia. Ele pediu um exame Beta hCG só por desencargo de consciência, pois disse que as chances de um "falso positivo" eram quase nulas. No final da consulta, me parabenizou e marcou uma data para ver o resultado dos outros exames e dar início ao Pré-Natal. Ele seria então o responsável pelo acompanhamento da gravidez e do parto. Tá certo que eu não conhecia ninguém que tivesse feito um parto com o Doutor, mas via um monte de fotos de bebês na recepção, com dedicatórias das mães agradecendo-lhe por tê-los colocado no mundo.

E tudo correu normalmente, até algo fora do normal ter acontecido comigo.  Estava no meio do nada, em São Francisco Xavier, quando, ao ir no banheiro, percebi um pequeno sangramento - o desespero de qualquer grávida. Na hora, falei com a minha mãe, e a frase dela foi "liga imediatamente pro seu médico!". Claro, ligar pro Doutor! A primeira coisa que eu deveria fazer. Porém, faltava um detalhe decisivo - eu não tinha o telefone do Doutor.     
    - Como você não tem o telefone do seu médico, filha?   
    - Não tenho. Nunca pedi e ele também nunca me deu...  
A solução foi ligar para uma prima da minha mãe, que havia sido obstetra e agora só fazia ultrassom. Ela me acalmou, recomendou repouso e pediu que eu ligasse para o Doutor segunda de manhã, "sem falta". Provavelmente, eu teria que fazer um ultrassom. 

Oito horas da manhã do dia seguinte, telefonei para o consultório do Doutor. Contei o que tinha acontecido e ele me alertou:    
    - Qualquer sangramento pode envolver risco de aborto. Vá para a Pró-Matre e faça um ultrassom o quanto antes.
Até aí, tudo dentro dos conformes... Antes de desligar, pensando no ocorrido, achei importante fazer uma solicitação:    
     - Doutor, será que você poderia me dar o número do seu celular, caso haja alguma emergência?  
Do outro lado da linha, silêncio. Antes de repetir a pergunta, pensando que ele não tinha escutado, veio a resposta:    
     - Olha, Marina, vou te dar meu celular, mas é só em caso de emergência mesmo, tá? (Pode ler a frase do jeito que tá grifado. Foi essa entonação que ele usou!)
E começou a dizer os números. Eu nem consegui anotar, de tão abismada que fiquei. O silêncio era, na verdade, a reluta em dar o telefone. Agradeci a gentileza e desliguei.

Amigo, você escolheu ser obstetra! Não sei se te falaram, mas muitos bebês não marcam hora pra nascer. Não sei se te falaram, mas as grávidas podem ter algum problema fora do horário comercial. Se não quisesse correr o risco de ser incomodado na madrugada, aos domingos e feriados, escolhesse outra especialidade médica. Cirurgião plástico, dermatologista, médico do trabalho, sei lá...  Claro, ele devia partir da premissa: em caso de emergência procure o pronto-socorro e depois (do café da manhã, de preferência) me ligue no consultório. Amigo, fica tranquilo, porque eu jamais te ligaria pra falar de um enjôo, de pés inchados, de desejos estranhos. E isso, você nem precisaria ter dito. Eu só ligaria, mesmo, em caso de emergência. Pra te falar de um sangramento, por exemplo.  O bom-senso também é da minha família.

Depois dessa, decidi que o Doutor não era o tipo de médico que queria que acompanhasse minha gravidez. Devo ter dado azar, pois outras amigas foram super acolhidas por médicos que, inclusive, atendiam convênio. O meu Doutor, no entanto, só era Doutor na hora da consulta e pronto. 

Acabei indo parar em um médico particular, que antes da primeira consulta, já me deu todos os seus contatos. Gostei tanto do Dr. Soubhi, que ele virou meu médico de tudo. Aquele que a gente procura quando tá com amigdalite, infecção intestinal ou com dúvidas sobre o anticoncepcional. Aquele médico tradicional, que é médico por vocação, que trata o paciente como uma pessoa, e não como um corpo todo picotado pela especialização extrema que tomou conta da medicina. Aquele médico que, certamente, não achará absurdo se seu telefone tocar na madrugada, porque ele sabe que isso faz parte da profissão que escolheu.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Dois risquinhos

Meados de abril de 2009
Já fazia uns três dias que eu tinha comprado. Faltava coragem de tirar da caixa e, inclusive, de tirar minha dúvida. Atraso aqui, peito inchado dali… E continuava me enganando. Ok, mulher casada, 28 anos. Por que não? Sei lá, por que não! Ainda não pensava nisso. Ainda era a filha. Vontade de ser filha. A vontade de ser mãe tinha sido pensada pro futuro… O Felipe não foi planejado. Mas também, não foi 100% evitado, é verdade.

Resolvi encarar o tal do teste de gravidez. No fundo, minhas desconfianças eram enormes. Mulher conhece cada centímetro do seu corpo e sabe quando algo diferente está acontecendo… Então, peguei o copinho, fiz xixi, molhei o palitinho (acho que era essa a ordem, nem me lembro mais) e fiquei esperando. Minutos eternos. Aí, peguei o tal do palitinho. Cheguei perto do marido, porque o homem não se aguentava de curiosidade. Espera. Espera… Um risquinho: sossega, você não tá grávida. Dois risquinhos: fia, se vira, porque você tá grávida.

DOIS RISQUINHOS! Putaquepariu, fudeu! E agora??? Eu vou ser mãe?!?!?! Eu, a filha, vou ser mãe?!?!?! O marido eufórico e minha cabeça a milhão. Um monte de pensamento – tudo junto e misturado. Alegria, insegurança, medo, surpresa em intensidades semelhantes. O mundo, o meu mundo, seria outro. O mundo de filha teria que encontrar espaço para o mundo de mãe. Bom, me sobravam 9 meses para pensar sobre o assunto. Os últimos nove meses como filha da mãe, e só!

Começo de julho de 2011
Agora que já sou mãe SUPER experiente (rá!), adoro conversar com outras mães e, principalmente, com futuras mães. Falar do parto, do pediatra, do filho que não come, da melhor marca de fralda, dos perrengues, das maravilhas, do obstetra, das noites mal dormidas, da vida a três, do peito dolorido; enfim, de tudo aquilo que, de alguma forma, está incluso no pacote “maternidade”.

Nos primeiros dias da estreia como mãe, eu achei que não daria conta. E o que mais me ajudou foi ouvir de outras mães (inclusive da minha) como elas tinham conseguido sobreviver a tudo aquilo. “O que eu faço com o peito cheio de leite que não esvazia?”, “Será que esse amarelinho já é icterícia?” “Como corta unha de recém-nascido?” Juro, minhas amigas me salvaram.

Percebi que elas também gostavam de compartilhar suas experiências, suas inexperiências, suas eficiências, suas ineficiências. E aí, depois de tanta conversa, pensei que queria ter um blog sobre o tal “pacote maternidade”. Falar de mim e ouvir os outros.

Então é isso. Chega de dar voltas. “A Filha Virou Mãe” tem a humilde pretensão de ser um espaço para a troca de experiências, conhecimentos, informações sobre mater-paternidade. Ah, e se possível, me deixar rica!

Sejam todos bem-vindos!
Porque esse blog é que nem coração de mãe. Cabe todo mundo.
Abraços,
Marina Galeano