Na manhã da alta da maternidade, a médica passou no quarto. Falou que estava tudo bem com o Felipe e que dali a três dias eu deveria levá-lo ao pediatra para ver se ele estava ganhando peso. Levá-lo ao pediatra. Qual pediatra? Já era pra ter um pediatra antes de ter filho?
Nessas horas a gente recorre às amigas experientes ou ao médico milenar da família, aquele que fez o parto da sua mãe quando você nasceu... Ou pega o livro do convênio e tenta a sorte grande. As sugestões que recebi tinham um problema de logística: longe da minha casa. Esse foi um dos critérios que decidi levar em conta na hora de escolher o pediatra.
Como eu confio quase cegamente no meu ginecologista/obstetra, resolvi pedir a ele uma indicação. Sabia que o Dr. Soubhi iria me sugerir alguém com uma linha de trabalho semelhante à sua. E assim eu cheguei até o Dr. Oscar.
Liguei para marcar a primeira consulta. Estava um pouco aflita, pois a pediatra da Pró-Matre comentou que o Felipe tinha um pouco de icterícia fisiológica e que eu precisava colocá-lo no banho de sol e acompanhar a evolução do caso. Pronto! O suficiente pra eu enxergar amarelo em todas as partes do corpo do meu filho e querer levá-lo ao médico ontem...
O Dr. Oscar só tinha horário na segunda-feira. Mas acho que, diante da minha ansiedade, fez um remanejamento das consultas e conseguiu me encaixar no dia seguinte, sexta-feira. Ponto pra ele. Ganhou um espaço no coração inseguro e aflito de toda mãe de primeira viagem.
Ficamos quase uma hora e meia conversando com o pediatra. Levei um caderninho cheio de perguntas, na tentativa frustrada de resolver as angústias maternas (ah, se um caderninho resolvesse...). Aliás, tive até vergonha de mostrar aquilo pra ele. Perguntei sobre o banho, sobre amamentação (devo dar os dois peitos na mesma mamada? Ou o bebê deve esvaziar um e depois o outro?), sobre cólica, sobre posição de dormir, sobre os alimentos que eu podia comer, sobre fralda, sobre assadura, sobre soluço, sobre cortar unha, sobre chupeta, sobre Felipe e ar-condicionado (era janeiro, fazia um calor desgraçado), sobre Felipe e cachorro (o Guile, um Golden Retriever - meu presente de dezoito anos), sobre tanta coisa que eu nem me lembro mais.
E o Dr. Oscar achou brilhante minha ideia de anotar tudo no caderninho. E o Dr. Oscar me respondeu cada pergunta com a maior paciência do mundo. E o Dr. Oscar me deu o número do celular dele, dizendo pra eu ligar a qualquer hora, se fosse preciso. E eu saí do consultório do Dr. Oscar menos insegura e feliz por ter acertado o pediatra na primeira tentativa!
Sábado de carnaval. Praia. Calor insuportável. Casa sem ar-condicionado. Felipe com dois meses, chorando bastante, visivelmente incomodado. Boa hora pra testar a disponibilidade do médico. O Dr. Oscar me atendeu de imediato. Disse que, além de calor, o Felipe podia estar com cólica - coisa que ele nunca tivera até então. Ainda precisei ligar outra vez durante o feriado. Caiu na caixa-postal, mas meia hora depois, meu celular tocou e o pediatra me tranquilizou novamente.
Aliás, há uma semana, o Felipe teve uma conjuntivite. Resolvi o problema por telefone e, no dia seguinte, foi o Dr. Oscar quem me ligou para saber se estava tudo certo com o pequeno.
Para mim, pediatra e obstetra que não dão o número de um telefone particular (em caso de emergência, que fique bem claro) não servem. Pediatra, principalmente, tem de ser disponível. No primeiro filho, tudo é desconhecido e mãe necessita de segurança - com bom senso, obviamente. Também não vamos encher o saco do cidadão no almoço de domingo pra saber se o Aptamyl é melhor que o Nan.
Em geral, as pessoas me acham uma mãe tranquila. Confesso que grande parte dessa minha tranquilidade deve-se ao Dr. Oscar, que sempre me atendeu nos momentos em que mais precisei. Porque quando nem simpatia, nem reza e nem Tylenol Bebê resolvem, o jeito é apelar pro celular do pediatra!